Notas sobre uma Greve Imaginária
Primeiro, aos princípios: não houve greve da Polícia Militar da Bahia nestes últimos dias. Diversas entidades de classe, e o alto comando, garantiram isso – e não é mera conversinha: em nenhum destes últimos dias deixei de ver e conversar com soldados da PM trabalhando normalmente nas ruas, todos afirmando isso não sem enfado. O que houve foi que, dos mais de 30mil servidores militares do estado, pouco mais de 2mil sequer se aquartelaram – antes, foram às ruas espalhar boatos e pânico material (por exemplo, sequestrando ônibus). Daí surge a mitologia teológica ao ponto de gente bastante crítica e reflexiva, na Festa de Yemanjá, me falar apreensivo sobre a “greve da PM”, estando do lado de um posto da PM em devido funcionamento.
Quer dizer, esta não-greve teve efeitos meramente Imaginário, embora com consequências bem Reais. Há quem argumente que a prova de que houve greve da PM é que houve arrastões e saques – óbvio: se as pessoas acreditaram que a PM estava em greve mesmo enquanto viam PMs trabalhando, agiriam desta forma. Ademais, os 2mil amotinados sequestraram ônibus e metralharam agências bancárias, sob o comando do evangélico e claramente portador de transtorno mental severo Marco Prisco – que já responde a crimes, inclusive de falsidade ideológica, em mais de um estado da federação.
Não faltou quem da esquerda anti-PTista tomasse a defesa da Polícia Militar, comparando a situação atual com a de 2001, sob o des-governo César Borges. Nada mais falso: naquele momento, a PM já vinha desmoralizada pela invasão do campus da UFBA e ataque a estudantes que protestavam pela cassação de ACM; na greve de 2001 foi greve mesmo, com adesão maciça da corporação, ampla negociação e aviso prévios, e sem perpetração de crimes e barbáries (embora tenha havido sim saques e arrastões por falta de policiamento). Houve ainda certo PSOLismo dizendo que o PTismo é contra o Governo no caso de Pinheirinho, mas a favor no caso da Bahia – um entortamento de leitura bem conveniente: em ambos os casos eu pelo menos (não falo em nome dos outros, minha mãe me deu bons-modos) me coloco contra qualquer truculência policial-militar; se em São Paulo essa truculência alvejou civis em favor do governo, e aqui alvejou civis por estar a PM contra o governo, pouco se me dá. Aliás, tanto peior: Governo aqui foi tão refém quanto a sociedade – até porque nunca lhe foi dado a possibilidade de negociar.
Mais aquém, isso nos revela outras questões. Primeiro que se o efeito da ausência de policiamento é imaginário (mesmo havendo polícia, se crê que não há), o efeito do policiamento também o é: só não há saques e arrastões no dia a dia porque as pessoas acreditam que não podem haver, acreditam estarem protegidas. É uma mistificação, como a existência de um Deus transcendente (os imanentes me interessam). Segundo é o absurdo de haver uma polícia com poder militar sobre população civil durante democracia – um estado de exceção como miasma dentro do estado de direito. Alguém vai levantar o complexo de vira-lata: “polícia única com baixo armamento dá certo na Inglaterra, que é país rico e equânime” – por um acaso México, Índia, África do Sul, se tornaram também países mais ricos e mais equânimes que o nosso? Desde quando ter mais violência traz menos violência, e mais discrepância de força internamente a relação sociedade-Estado gera mais distribuição de renda e riqueza?
Breve arqueologia das Polícias Militares: surgiram no meio do Período Regencial, quando o Governo transferiu seu poder de estado para latifundiários privados (daí os “Coronéis” do romance-de-decadência do neo-realismo de 1930) de modo a controlar as revoltas separatistas de então, e uma vez que o Governo central endividado com indenização da Independência, não conseguia manter tantas frentes de batalha. Em ao menos um caso a PM (que não tinha esse nome), se voltou contra o governo central e deu rebote: na Farroupilha. Com o 2º Império se tentou extingui-la através do fortalecimento da Marinha e do Exército, o que não foi possível porque adveio a Guerra do Paraguai e depois as demandas federalistas das províncias. Vem o Golpe Militar de 1889 (mal-dita Proclamação da des-dita República), e se fortalece a PM de novo que está a frente de outras três guerras de secessão: a Revolta Federalista dos 1890 no Rio Grande do Sul; a Mineira de Arthur Bernardes em 1922 e a Constitucionalista de São Paulo em 1932. Posteriormente, ganha força no regime militar de 1964 (o que garante o diferente ritmo de cada estado entrar na ditadura: a Bahia, por exemplo foi dos últimos a entrar mas também o último a sair). Note que, pelo meio do caminho, as Polícias Militares foram cruciais nos massacres de Contestado e Canudos (Belo Monte é teu nome feérico).
O que nos leva a situação de ilegalidade da não-greve atual, mesmo que greve fosse (e portanto mesmo a de 2001): militares não podem fazer greve. Mas fazem; ou pior: em lugar de fazer, fazem motins. Foi assim com os controladores de vôo um punhado de anos atrás. E isso também significa que se a PM pode ser usada pelos Governos para gerir a Exceção, podem se voltar contra Governos e submeterem estes a condição de reféns. Daí que seria vantajoso para os próprios policiais militares se desmilitarizarem e buscarem uma polícia única: fardada mas civil, e portanto com direito a greve similar a dos servidores de saúde por exemplo.
De toda sorte, o Governo da Bahia a princípio não reagiu com Indústria do Medo. Mesmo quando chamou a Força Nacional, o Secretário de Segurança Maurício Barbosa afirmou que o fazia para aumentar a sensação de segurança – uma vez que a segurança ela mesma estava mantida, já que a PM continuava largamente em atividade normal. Até a sexta-feira, quando a Secretaria de Cultura desativou todas as suas atividades permanentes e temporárias (mais de 20 ao todo), como se esvaziar as ruas as tornassem mais seguras. Resultado: nenhum museu aberto, nenhum show no Pelô seja de Axé ou anti-Axé – contudo encontro de 3 mil crentes com palco e tudo mais na Praça Castro Alves teve; botecos de povão aberto idem, e os restaurantes mais caros do estado funcionaram normalmente para a elite endinheirada (o Chez Bernard, lembrem, fica a 40 segundos a pé de minha humilde residência…).
Moraes Moreira ontem inclusive se negou a cair no Discurso do Pânico e fez seu grito de carnaval no Largo Dois de Julho, clube Fantachoes da Eutherpe – e transformou cada hino de carnaval e dos Novos Baianos em libelo contra o Terror: “Besta é tu: por que não viver este mundo, se não há outro mundo?”. Afinal, nos diz o BaianaSystem, o carnaval quem faz não é a PM – e sim o folião pipoca. E afinal, quem disse que mais polícia é mais segurança, quando tudo indica o contrário?
De todo esse terror infantilóide, só uma coisa me irrita de fato: mesmo gente da Reforma Cultural, que vibra com as políticas de Carnaval Pipoca, se encastelou tremendo de pavor. Luciano Matos cancelou sua festa Bolha com o argumento de que não saberia como seu público chegaria e iria embora. Ora, ele não sabe nunca, e nem deve saber, não é da conta dele. Ou ele agora vai virar um paternalista tutelar da mobilidade alheia?
O que revela que a Reforma Cultural Baiana bateu num teto: ela avançou com e através do Estado até aqui, mas não tem mais para onde ir senão rompendo com o Estado. É coisa que Marcio Meirelles de alguma forma notou, agora que ex-secretário tem se engajado nas lutas do comum como o Desocupa Salvador. Essa galerinha que diz que quer um carnaval sem cordas é borra-botas ao ponto de que jamais enfrentaria as cordas no corpo e na raça, como eu sempre enfrentei, disputando espaço no murro da pipoca da Timbalada no auge do Carlo-Axezismo. Uma classe média de esquerda universitária que não deixa de ser classe média, e que se quer trio sem corda é também trio sem pobre e sem preto, como se cordas tivesse; que não conjuga direito a cultura com direito a cidade, e se contenta com a festinha de rock’n roll no playground da vovó (ao fim, a Bolha não passa disso).
Se em lugar de Revolução eu preferia o termo Reforma, eu agora quero outra coisa: que venha a subversão cultural – nós subvertendo a cultura, a cultura nos subvertendo. Menos do que isso é pau-no-cuzice, e eu não sou de me aputar.
[…] no episódio do motim da Polícia Militar da Bahia, que ao apostar na importância de sua ausência … (isso vale para qualquer greve, aliás). De certa forma, o processo das Bicicletadas (e das […]
[…] motim da Polícia Militar da Bahia em janeiro deste ano poderia ter servido para iniciar a desconstrução deste idealismo, e talvez o tenha; por outro […]
[…] nas mentalidades. O que mais explicaria o apoio do partideco da Heloísa Histérica, A Louca, ao motim da Polícia Militar na Bahia? Sim, porque diferente de Saúde e Educação, PM não é infraestrutura de estado – nada […]
Bom texto!
Você só precisa aprender a colocar fotos que não arrebentem o leiaute do seu blog.
[…] Notas sobre uma greve imaginária (na Bahia), por Lucas Jerzy, no Último Baile dos Guermantes […]
“Se as pessoas acreditaram que a PM estava em greve mesmo enquanto viam PMs trabalhando, agiriam desta forma.”
Pois estão agindo mesmo, Lucas. Esse é o GRANDE problema. A ‘Indústria do Medo’ nos consome, se não, nos pirraça. Os saques e assaltos – ‘arrastões’ eu duvido muito, haja boataria – estão acontecendo. Quem tem coragem de sair, esse menino? Pelo menos aqui, ninguém sai. Eu mesmo não saio.
Sucumbiu a uma paixão triste e, em nome de não morrer, mortifica-se.
Salvador toda se mortificando então.
Toda não, só os que não são não-idiotas. O que dá a maioria mesmo. Herança católica é isso aí.
Toda Salvador não, fale da sua vergonha.
Não há vergonha alguma. Concordo com o tom do texto, Lucas é bastante esclarecedor. Só reafirmo que há um pânico generalizado – que por esses dias está se minimizando – por conta de um emaranhado de informações desorganizadas e uma boataria de assaltos/arrastões que é o que faz parte da minha realidade.
Me refiro a ‘Salvador toda’ com uma generalização, não preciso retificar minha fala.
Toda Salvador não. Fale de si, cara-pálida. Saí, atravessei bairros da cidade, da Paralela a Nazaré, cantei com Moraes Moreira no 2 de Julho no auge da histeria de Bocão e congêneres e cá estou, vivo.
…e sim, haviam PMs na cidade. E sim, em algum grau a cidade ficou mais perigosa, mas nada que justifique se esconder em casa. Não estamos na Faixa de Gaza. Se distribuirmos as ocorrências verdadeiras – subtraindo o que ocorreria de qualquer forma – por localidade geográfica, percebemos que o caso que mais salta aos olhos é o de 4 presuntos de uma vez na Boca do Rio, que demonstrou-se ação deliberada de PMs sujos.
O que vi com meus olhos foi uma cidade viva, que se se tornou em algum tom mais perigosa foi principalmente porque as pessoas comeram a pilha e se trancaram em casa e esvaziaram os meios públicos. Isso durante algum tempo só, inclusive, pois rapidamente as pessoas retornaram às ruas, com PM com greve ou sem greve.
Imagina se a PM não sai da greve e o Carnaval ocorre regularmente. Imagina. Se antes a proximidade com o Carnaval era moeda de barganha com dos grevistas-amotinados com o governo, agora as coisas estão se invertendo; os PMs grevistas devem estar sentindo o Carnaval baforando suas nucas, perguntando incredulamente “E aí? Vão ficar aí de chêro-mole mesmo?”
E mais uma vez fica claro que não se combate Indústria do Medo sem cartografia. Yves Lacoste sorri.
Como disse lá no Hugo Albuquerque e no Bruno Cava: a PM apostou tanto na importância de sua ausência que está a beira de chegar na ausência de sua importância.
Curtir a Festa de Iemanjá na Fonte do Boi é bem gostoso, quero ver neguinho “enfrentar” uma Lavagem do Bonfim rs
“Uma classe média de esquerda universitária que não deixa de ser classe média, e que se quer trio sem corda é também trio sem pobre e sem preto”. Perfeito. Quem quer trio sem corda sou eu, rs.
Fato 1: Policiais grevistas encapuzados estão tentando aterrorizar a população em ações esporádicas pelas ruas. Enquanto era só engarrafamento, ônibus virado, eu estava muito tranquilo e não me abalei, realmente. Quando, no entanto, chegaram relatos de tiros em pontos de ônibus e agências bancárias e pessoas mortas, a coisa muda sensivelmente de figura.
Fato 2: Se com a sensação de insegurança, “arrastões” (seja lá o que isso signifique) estão acontecendo, se as ruas estão mais desertas e isso proporciona mais insegurança, então há mais insegurança de fato, não é tudo meramente imaginário. – Não interessa se a segurança de antes era imaginária, o risco é claramente maior, e as ocorrências estão mais numerosas. Ponto.
Concordo que o pânico é exagerado, mas quando a prudência é excessiva? Muito difícil mensurar.
Eu me sinto responsável, em algum nível, por pessoas que frequentam os meus eventos e não acho que haja qualquer problema nisso. Me preocupa muito qualquer pessoa sem ter como voltar pra casa, passando mal, constrangido ou envolvido em alguma briga, interfiro sempre que sou informado desse tipo de problema (cuja solução ou encaminhamento estejam ao meu alcance). Já fiz isso por você, inclusive, quando submetido a constrangimento em evento que eu produzi.
E afinal, é muito bobo e infantil crer que se deva (ou possa) ditar o que todos devem (ou podem) fazer para não serem pau-no-cu. Uma fantasia de equação simplificada.
Um beijo.
Uma coisa é cuidar dos que estão no evento – outra é se importar como eles vão e vêm dele, o que é um problema pessoal de cada um.
Gente, que loucura. Nem acredito que li isso…
Adoro ler os textos de Ted Simões contra seu inimigo público número 1, Luciano Matos.
Epa, Ted Simões não é aquele cara que já discotecou na Nave (pediu pra discotecar inclusive, há registros disso na comunidade da festa, no orkut) e que agora fala mal de festas de DJ? Engraçado, no inicio sempre o via nas festas, mas agora ele resolveu vestir essa fantasia de defensor das bandas covers, e contra Luciano e outros…
Mais uma duvida: A banda de Ted, Starla, tocou na Nave tbm né? Veja bem, tocou na Nave, numa das unicas vezes que uma banda tocou ao vivo na festa….
Quer dizer: falar mal, atacar, ser canalha e mal caratera ponto de fazer twitter fake pra sacanear o cara é facil, facílimo!!! Agora, lembrar do passado, de quem já procurou pedindo ajuda, e principalmente de quem te deu a mão (no caso o próprio Luciano), ai é bem dificil…
Agora, uma pergunta para os amigos de Ted, que embarcam com ele nas suas teorias risiveis: ele já contou do passado deles pra vocês? Não né?
opa carlos, tô aqui pra te responder! belas colocações.
sim, toquei na nave, tanto de dj como com a banda. assim como já toquei com outras pessoas, em outras festas. ser músico e ter banda autoral em salvador te sujeita a isso. não receber pagamento por trabalhar honestamente também, mas isso ninguém fala. afinal, músico tem que ser bróder sempre!
outra, assinei meu nome aqui, como sempre assino em tudo que escrevo. pago o preço por isso, inclusive de ser chamado de canalha por ter feito um twitter falso… que eu não fiz, mas achei tão genial que retuitei algumas coisas. retuitei, da minha conta. se eu tivesse feito, assumiria. mas pelo visto, eu não sou o único que acha genial as coisas que luciano escreve. achei divertido pacas, retuitei na minha conta. pode olhar lá. assim como botei o nome de uma banda que faço parte, contra a vontade de alguns integrantes, de boicotando matos, uma piada clara pra um cara que diz que boicota banda cover e não consegue escrever uma música de 2 acordes, mas passa a noite toda trocando cd com as músicas dos outros numa festinha de playground da vovó.
diga-se de passagem, eu já pedi ajuda pra ele sim, sem dúvidas. PORQUE ELE OFERECEU. não conhecia ele, ele se apresentou, disse que gostou da banda, me entrevistou pro a tarde, me chamou pra tocar nessa festa nave (na qual fui sim, uns 2 anos seguidos, em TODAS AS PRIMEIRAS EDIÇÕES), e que sim, pedi pra trocar cd na festa. era divertido. é mais fácil e mais tranquilo que tocar em banda cover. se eu pudesse, também faria isso o tempo todo. eu gasto uma grana com instrumentos, encordamento, passo um tempão ouvindo as músicas, tirando e tentando sempre aperfeiçoar a execução das mesmas. não tenho dúvidas que é muito mais lucrativo, se formos considerar os prós e contras.
agora, sempre respeitei ele. sempre fui em suas festas, sempre apoiei bastante muita coisa. e vc vem me falar de passado? o cara vem e lança uma pérola dessa, contra todos os músicos, desrespeitando uma profissão que se fode tanto e não tem INSS, não tem segurança trabalhista… por que isso? banda cover existe desde que inventaram música. qual o mal em banda cover? o cara que faz música é obrigado a compor? todo jornalista é obrigado a criar um jornal? todo médico é obrigado a inventar a cura de uma doença? todo advogado é obrigado a escrever uma lei? não vesti nenhuma fantasia de banda cover – e muito menos de músico, que não sou. não sou formado em música, faço pq gosto e me divirto muito. mas parece que o meu sucesso atinge muito a pessoas como ele e como você. cara, eu não tô nadando em dinheiro. pago minhas contas e consigo tomar umas cervejas no mês, vou aos shows que eu gosto e pronto… queria eu ser michel teló.
mas, de boa, só queria que respeitassem o meu trabalho como eu sempre respeitei o dele. o que ele falou foi falacioso, por interesses próprios que ele nunca vai ter coragem de dizer aqui. os comentários dele foram endereçados ao groove bar, que ele tanto adora falar mal e fazer propaganda contra. é a luta pelo espaço, sabe? ninguém gosta de ver o outro se dando bem. eu acho que tem espaço pra todos. groove, bolha, nave, ultimo bailinho, penultimo bailinho, antepenultimo bailinho, a porra toda. mas é aquela coisa, “só eu posso, só meus amigos podem”. pra quem se diz tão contra acm, é exatamente isso que continuam fazendo. só eu, e que se foda o resto.
ninguém precisa embarcar nas minhas teorias risíveis… nem você! me espanta o fato de vc se meter numa confusão que não foi chamado (pelo menos, por mim, que não preciso de ninguém aqui pra me defender). como disse na discussão inicial com ele, eu gosto de argumentos. continuaria argumentando em alto nível com ele, mas ele preferiu dizer q eu era louco, alienado e que comigo não discutiria. mais ou menos o que fez com esse post, mandando o autor ficar chorando no twitter. tô aqui, dando minha cara a tapa assim como o autor do texto fez. e olha, não concordo com quase nada do texto dele. mas respeito ele (que é um cara que nem conheço, diga-se de passagem) por ter sua opinião e argumentar a respeito disso. acharia feio se ele escrevesse o texto, e na hora das criticas, dissesse que nao ia discutir com esse ou aquele, e pior, que os amigos dele tivessem que fazer sua defesa pessoal. isso pra mim é feio e desrespeitoso demais.
meu passado tá aí, cara! e me orgulho dele tanto quanto do presente. eu não tenho opinião formada. tento me manter atualizado sobre tudo, filtrando o que acho melhor pra formar uma opinião. me orgulho demais disso. votei em JH, votei em wagner, e hoje não voto mais. tudo pode mudar. amanhã, eu posso escrever um texto elogiando demais luciano matos. sempre achei ele um cara gente fina. e olha que sempre discordamos de muita coisa, assim como concordamos em outras. amanhã posso te conhecer e te achar gente fina, apesar de nunca ter ouvido falar em vc e ter te conhecido nessa situação de vc me acusando e me chamando de mal caráter. meus amigos sabem disso, cara. tudo pode mudar, num piscar de olhos. não sou o dono da verdade, como você acha que eu penso que sou, nem sou o dono da mentira, como vc deixou transparecer no seu texto. tenho caráter e sempre assinei cada texto meu.
um dia desses tava lendo meus blogs antigos e vi um texto falando mal de acm e botando wagner lá em cima. dei risada, pq minha decepção com wagner foi enorme. aliás, com o PT todo, que sempre votei, mas se mostrou igual ao psdb, pfl, demo, pmdb… mas saiba que, apesar de toda a decepção, nao mudei minha opiniao quanto a acm. continuo achando a mesmíssima coisa. por mim nasce de novo só pra morrer de novo. agora, isso pode mudar. nao vivo num mundo de verdades absolutas não, cara. tenho discernimento total pra saber quando errei, e se vc procurar meus amigos, tenha certeza que eu sempre admito meu erro.
abraços,
ted simões
quer fazer um comentário des’tamanho? Abra um blog, um tópico em comunidade do Orkut, sei lá. Aqui não.
Querem discutir o passado afetivo-monetário-sexual um dos outros? E-mail entre si, façam o favor. Isto aqui ainda é um puteiro que se respeita, e a discussão está totalmente fora do tópico.
Ted, um ultimo comentário. Eu sei que foi você quem fez o twitter. Você e seus amigos tbm sabem. Fazer um twitter pra falar mal de alguem, uma banda cover, o que seja, é coisa de alguem de no minimo carater questionavel.
Não posso falar de Luciano, mas não invejo seu sucesso, até pq vc faz sucesso? Tocando Beatles? sério que isso é fazer sucesso?
E dai se o cara boicota banda cover? e dai se ele não gosta? Pq vc tem que declarar um guerra ao sujeito por isso? Vc está no minimo dando uma importancia gigante a Luciano… Você rastreia tudo que o cara escreve e fala mal em cima. Sua vida é falar do cara? Você vive pra isso?
Arruma uma vida irmão, e não esqueça que teu passado te condena. Que nem o do ACM, do Wagner, e de todos os outros que você adora falar mal…
Deixa ver se eu entendi:
1 – Não existe greve nenhuma. Nem mesmo o terço do efetivo de policiais que o próprio governo diz que estão parados, até eles, estão trabalhando normalmente. é isso?
2 – Todo mundo que cancelou festa e suspendeu evento é “pau-no-cu”, retado mesmo é moraes moreira que fez um show no fantoches. Confere?
Na moral, vou até salvar este post como uma das coisas mais idiotas que eu já li nos últimos 33 anos,. Aliás, de idiota nada tem, é uma obra prima do discurso ideológico, vazio e atrasado.
Mas como nada na vida é de todo ruim, o último parágrafo valeu pelo texto, afinal, luciano matos é meu ídolo!! Deveria ser seu ídolo também, porque os textos 150% ideológicos e enviesados dele são muito mais divertidos e lunáticos que os seus.
Abração stalin.
Jênio! (dislexia tem tratamento, favor procurar um).
Sou jênio mesmo, um dia viro blogueiro igual você. Parabéns pelo blog, pelo texto fanteastico e pela aula de história que você deu. Errado estou eu que ainda entro pra ler.
Pois é. Seguramente você não está entre os “happy few” para quem intento escrever – Stendhal style.
Este sujeito insiste em mandar comentários desconexos, grosseiros, o último TOTALMENTE EM CAPS LOCK. Claro que foi pra lixeira. Todos os dele doravante irão. Saiu do mundo dos adultos, é favor não frequentar este lupanar.
só passei aqui pra comentar sobre seus 3 últimos parágrafos, que infelizmente não teremos o argumento do citado, pois ele te mandou chorar sozinho no twitter. já passei por isso e sei como é. o máximo que ele vai fazer é trocar um cd no playground da vovó (isso se tiver polícia nas ruas, claro)
a resposta de Luciano, bastante civilizada, ironicamente está logo abaixo deste seu comentário de comadre-corneada…
Lucas, nem li o texto todo ainda, só a parte que falava de mim. Com certeza concordo com a maioria do que você deve ter escrito, porque pelo que conversamos pensamos parecido, mas vou ler pra ter certeza. Quanto a festa que cancelei, demoramos bastante para tomar a decisão, não queria tomar essa, não queria me render, queria ser da resistência sim, por isso demoramos. Na sexta todo mundo cancelou e permanecemos. Mas todo mundo, de policias amigos e confiáveis, que não estavam em greve, a pessoas da SSP, todos recomendaram não realizar a festa pro prudência. Sondei a produção de Moraes, eles tinham garantia de segurança da PM, algo que não sei se conseguiria. Mas o principal é que dentro da festa achoque seria seguro e tranquilo, mas temos um publico muito novo. Qualquer coisa que acontecesse com qualquer um deles nessa situação me sentiria responsável. Pode acontecer num dia normal, mas querendo ou não eram dias normais. Tanto não é que você está escrevendo sobre eles. Portanto, acho que foi prudência, que assim como caldo de galinha, não faz mal a ninguém.
Não deveria se sentir responsável: não são seus filhos, e ainda que fossem seria ao fazer isso não autonomizá-los. Se quer se sentir responsável por alguém, tenha rebentos – aliás, já passou da hora…
Você não tem pessoas com quem se importar, você não tem pessoas. Consequentemente, nunca vai saber o que é se importar com alguém, seja quem for. Você só se importa em desenvolver esse seu grande dom de ser pedante, arrogante e instigar as pessoas a odiá-los. Esse último, porém, já não faz também. Acho que poucos te odeiam, grande parte te ignora e o restante sente pena.
Ironicamente, não é da conta dos produtores como as pessoas vão e vem tanto quanto não é da sua conta assuntos relacionados com a Bolha, festa que não aprecia e não frequenta. Mas, mesmo assim você fala sobre ela. E aí? Dois pesos, duas medidas.
Acabei de ver ausência de crase e plural onde não tem. Ia usar um asterisco pontuando tais erros com as devidas correções, mas prefiro te dar mais um motivo pra usar toda sua pedência. Mas ó, responde pra geral aqui, porque nem voltarei pra saber o que pensa a respeito.
Primeiro, dona moça, nóis aqui é tudo gerativista e funcionalista, nóis leu Labov, nóis leu Marcos Bagno, nóis sabe que a escrita na internet é mais próxima da fala – nóis suporta bem tudo quanté variação linguística, e defende elas toda.
Segundo que se nota bem o quanto você quer discutir, escrava-voluntária que está da Indústria do Medo. Melhor ir pra um convento das Teresinas e se mortificar com cilicio.
Uma festa é um fato público e estético. Eu ou qualquer outro pode falar sobre ela. O que você pretende fazer pra que eu não fale? Processar? Jogar bolinha de papel? Fazer birra, dá um custipio de coitiço e assim eu não brinco mais?
Luciano que produz estas e outras festas teve postura muito mais digna do que a sua. Ele está no mundo dos adultos; você, claramente, no jardim de infância da APAE.
De resto, se há quem me ignore, tanto melhor. Eu falo para que não ouçam os que não merecem, e escrevo para os happy-few.
Tudo tão pedante e “sou do contra e não aceito críticas”. Entediante.
O que eu não aceito é inconsistência, flacidez intelectual. E aí seja na concordância ou na discordância. Se concordam comigo, as o rigor é de uma gelatina, me ofendo. Se discordam, mas com densidade, tomo como elogio.
Pedantismo é uma pedagogia moral – é um moto de evitar ser didático, me dizia o Gabriel Menotti mais de uma década atrás.
Se acha tão inteligente mas tem dificuldade em simples interpretações. Você pode sim, falar da Bolha ou do que mais quiser. A questão é, que do mesmo jeito que não é da sua conta mas você fala, na sua opinião se preocupar com os outros não é da nossa conta, mas a gente se preocupa. E aí, você pode mas a gente não?
Jardim de infância da APAE? Ah, entendi. Não posso traçar o perfil de alguém que se expõe tanto e é tão ofensivo porque isso significa ter síndrome de down. Expressar minha opinião também não posso, porque isso é fazer parte do jardim de infância da APAE. Maduro mesmo é julgar a atitude do outro como “pau-no-cuzice”, dizer que a mentalidade da pessoa é de playground, usar palavras rebuscadas fora do contexto (oi? onde você viu plutocracia nisso tudo?) ou ainda melhor! Se achar superior porque “uiuiui, eu sei escrever você não sabe!”. Se tem um clichê que cai como uma luva pra você é que macaco não olha pro próprio rabo. Você é tão bom que pode tudo, sabe mais que todos. E todo o resto do mundo está errado. Deve ser isso que se aprende na faculdade de psicologia hoje em dia.
E só para esclarecer, já que você é tão mal informado, “Luciano que produz estas e outras festas teve postura muito mais digna do que a sua”: em primeiro lugar, produzo essa festa tanto quanto Luciano. Em segundo lugar, tomei essa decisão tanto quanto ele também. Vamos marcar um dia pra você, pessoa tão digna, me ensinar o que é dignidade (porque esse seu conceito eu não conheço, você fala o que quiser, do modo que quiser e o outro tem que agir da forma que julga ser digno). E por fim, “escrava-voluntária que está da Indústria do Medo”, será mesmo que estou? Como você muda de ideia rápido.
Enfim, só vim aqui pelo comentário de Lu ao perceber que você não notou de quem se trata. Mas nos reconheceremos na rua qualquer dia desses e teremos a oportunidade de discutir isso pessoalmente. Ou não, ou eu posso te ignorar pela milésima vez.
Não é a mesma coisa, ignóbia. Eu falar mal da Bolha é uma mera opinião, não impede ninguém de ir nela. Não fazer a festa porque “não sei como vão chegar e sair”, priva a liberdade alheia de frequentá-la. Quando eu falo bem ou mal de algo não estou tutelando ninguém; quando se deixa de realizar algo em nome da segurança dos outros, se está sim tutelando os outros. O problema está na tutelagem, na não-autonomização.
Expressar opinião pode. Falar besteira com ar de coisa séria, não. Quando se faz isso, se sai do mundo dos adultos – e aí eu posso achicalhar a vontade!
Você produz a festa com ele e tomou a decisão tanto quanto ele. Ele sustentou de modo adulto. Você resvalou para o jardim de infância mental. É de se envergonhar mais ainda…!
“Dignidade” é um conceito tão burguês e positivista. Eu estou para-além dela, sinto avisar.
Espero que me ignore mesmo. Pra falar comigo é preciso ter um mínimo de erudição, que evidentemente lhe falta.
Como de costume, um sopro de racionalidade nesse oceano de boatos no qual SSA afogou-se nos últimos dias com a robusta ajuda do nosso des-jornalismo.
Parabéns pelo texto. Muito bom!
O que aconteceu em Fortaleza, recentemente, resume tudo.
Não poderia tirar nem pôr!
A fragilidade de nosso estado de civilização e a força física como sustentáculo do estado de direito ficam extremamente evidenciados numa situação dessas.
É uma loucura ver os fóruns, shoppings, órgãos do governo fechando mais cedo, as pessoas enlouquecendo pela rua, tudo fruto de uma série de boatos levados a cabo como um telefone sem fio semi-organizado, e as pessoas tremendo de medo porque um mané grita — com acuradíssimo grau de terrorismo poético — “arrastão!” na praça de alimentação do shopping.
Imagine no dia em que aparecer um terrorista de verdade!
Felizmente, vivi minha vida normalmente nesse dias, e não tive qualquer contato com o surrealismo vigente, senão através de engarrafamentos.
Eu nem engarrafamentos, aliás, ruas especialmente livres – só é ruim por ter perdido vida pedestre. Virou piada na população cicloviária de Salvador, que aproveitou estes dias gaudiamente. Sexta-feira mesmo fui até Patamares e voltei, pedalando. Não só estava tudo normal, como a PM trabalhava normalmente…