João Henrique Barradas Carneiro, “O Confuso”

02/10/2008 at 17:34

Entrevista do Governador da Bahia, Jaques Wagner, ao jornal Valor Econômico de anteontem:

Valor: O senhor e o ministro Geddel saem como entraram nessa eleição?

Wagner: Temos um ponto de conflito que foi produzido por alguém que não era meu nem dele, que é o prefeito atual, que foi eleito pelo PDT, com vice do PSDB, e baixíssima participação do PMDB, que não tinha nem interesse em ficar no governo. Tinha lá uma secretaria marginal. De repente, quando o cidadão viu que estava com problemas de sobrevivência política, ele teve de sair de um partido pequeno e procurar um partido maior para se abrigar. Ele é muito midiático. Eu até gosto dele, não é um mau caráter, não é um larápio, mas é um cara confuso. Confuso na política e confuso na gestão. Ele precisava de tempo de televisão. Quis vir para o meu partido, coisa que eu recomendei.

Valor: Mas o PT não quis?

Wagner: O vício do cachimbo deixa a boca torta. A gente vai amadurecendo mas alguns vícios vez por outra aparecem. Então apesar de o governador dizer: ‘rapaz, põe o cara pra dentro. A gente já está no governo, põe logo o cara no PT’, o meu partido não acolheu a minha sugestão, o pedido de seu governador. E ele acabou indo para o PMDB. Ao ir para o PMDB gerou então um pólo de tensão. Não por culpa dele, por culpa da conjuntura. Geddel e o PMDB receberam esse presente – tinham pouquíssima coisa em Salvador e ganharam um prefeito e uma prefeitura, como máquina política para fazer a operação da política, no bom sentido. É óbvio que gostariam de ter todo mundo em torno deles. Então lutaram por isso. Eu defendi a tese da minha base de sustentação (um candidato só), pelo menos na capital. As pessoas não se convenceram. Até porque diziam que ele é ruim de compromisso. O pessoal de pesquisa dizia que ele tinha dificuldade de ir até para o segundo turno. O argumento é que era melhor não jogarmos com uma hipótese só e perdermos para o PFL. A outra hipótese era o Imbassahy, com quem eu tenho relação. Mas isso não animava muita gente exatamente porque era um alinhamento com o PSDB nacional e as pessoas aqui não tinham interesse óbvio nessa aproximação. Quando acabar a eleição tem um rescaldo a ser tratado. E eu tenho que ficar administrando esse conjunto todo.”

Comentário:

Pra mim, de confuso ele não tem nada: João Henrique Barradas Carneiro se revelou um grandessíssimo populista do centrão fisiológico (e aí faz todo sentido ele ter ido do PDT pro PMDB). Mas, claro: mil vezes um centrão fisiologicamente aliado a esquerda, do que o neoCarlismo tampa-de-binga.

Ainda continuo recomendando voto, e votando em, Walter Pinheiro (PT). Ou, se você não quer nenhum dos três, vale o voto de protesto no que resta de civismo europeu (em Imbassahy no PSDB) ou na esquerda que-não-toma-banho (PSOL-PSTU-PCO, de Hiiiiiiiilton 50 e da ex-Senatriz Heloisa Histérica, A Louca).