O Retorno da Canção

12/08/2009 at 14:13

A partir desta sexta-feira, a prometida série de entrevistas e artigos sobre a presença ou não-morte do formato musical canção começa a sair.

A série segue o formato que em Psicanálise ganhou o nome de Cartel: quatro sujeitos a quem se supõe saber produzem algo sobre um assunto; um quinto sujeito, chamado de +1, a quem se supõe uma douta-ignorância (portanto não é uma ignorância lassa do tipo “não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”), arruma, coteja e expõe o saber produzido pelos quatro.

A série ia se chamar “A Ressurreição da Canção” como disse aqui. Contudo, o termo “Retorno” pareceu-me agora mais apropriado. Primeiro, porque mais humilde; segundo porque a idéia de “Ressurreição” pressupõe a idéia de morte, e isto confirmaria a idéia de Chico Buarque de Holanda, Tom Zé e outros de que a canção em algum momento teria morrido – com o que não concordamos, e o que até agora o cartel não aponta – aponta antes para o contrário: ela nunca cessou de existir. Depois, retorno implica em duas idéias que muito me interessam: a de recalque (Chico Buarque pode dizer que a canção morreu para recalcar sua própria morte pessoal, como autor e como pessoa – como mais de um entrevistado apontou) e a de eterno retorno Nietzscheano.

Como +1 do cartel ficou o Maestro Letieres Leite (da Orkestra Rumpilezz), que está a escrever alguns artigos sobre o tema, a partir das entrevistas (que já leu e gostou muito).

Pela ordem, sairá da seguinte forma, um a cada mês:

  1. Este mês, Damm, da Formidável Família Musical. Canção pura, até mesmo no sentido de pueril; desabrochante e perfumada;
  2. Morotó Slim, líder da já mítica Retrofoguetes e da finada (e também mítica) The Dead Billies, fala de suas canções sem letra: a canção sem canção, divergente;
  3. Thiago Kalu, sambista cantável do Clube da Malandragem, talvez a mais teórica das entrevistas, nem por isso menos espotânea;
  4. Pedro Pondé, ex-O Círculo, embora tenha sido a primeira que fiz, fica por último em respeito a recente ruptura da banda.

Mas, para esquentar, entreter até sexta, e para lembrar os bons tempos anteriores a esta ruptura, vale rever a antológica interpretação de Rato, de O Círculo, no Parque da Cidade, em 2005.