A Cultura na boca-de-cena Política

09/07/2009 at 9:23

Ainda que Marcio Meirelles fosse um secretário de cultura incompetente, e sem nenhum efeito visível de sua gestão (o que ele não é), só pelo fato de ter forçado a Cultura para o centro da querela político-partidária e eleitoral, já seria digno de mérito.

Qual outro estado do país tem como principal questão da disputa sufragária vindoura a Cultura e suas visões estratégicas, práticas, e seus fins? Nenhum – só a Bahia. Como diria meu amigo virtual de longa data (desde o tempo que colaborativismo era IRC) Plantitus, a Secretaria de Cultura é a que mais trabalho mostra, e a que mais chiadeira causa.

Qual outro estado teve algum episódio semelhante antes? Nenhum – só a Bahia, durante o Governo de Antonio Baobino, no período conhecido como Avant-Gard, em que praticamente toda a cultura nacional orbitou Salvador. Na educação, com Edgar Santos e Anysio Teixeira (não por acaso, os dois mais lembrados sucessores de Gustavo Capanema); nas artes plásticas com Jenner Augusto, Calazans Neto, Mario Cravo, Carybé; na música popular com Dorival Caymmi, depois João Gilberto, e depois Caetano e Gil, e depois os Novos Bahianos e Armandinho Macedo; na música erudita, Lindberg Cardoso, Smetak, Widmer; no cinema, Glauber Rocha, Rex Schinlder, Roberto Pires, capitaneados pelo andré-bazin-nagô Dr. Walter da Silveira; no teatro Zé Possi Neto, Eros Martins Gonçalves, Harildo Deda, Wilson Melo; na literatura Jorge Amado, Herberto Salles e Afrânio Peixoto, e Adonias Filho.

Um importante crítico cultural paulista à época chamou de: “Renascença bahiana, em que entra desde o Conselho de Xangô de Mãe Senhora até o poço petrolífero de Lobato”.

Pois sim, Marcio Meirelles faz com seu próprio corpo a Retomada. Coloca a Bahia no centro da querela de 2010, através da cultura; e a cultura, no centro da querela bahiana.

Só isso, já seria mérito. Mas, é preciso lembrar: se não fosse eficiente, sequer a questão estaria assim colocada…