“Afastai-vos de mim, oh povo!”
Mais um episódio imagético da política anti-povo do segundo mandato de João Henrique é o cartaz comemorativo de 460 da Capital Diaspórica, ainda encontrável em alguns outdoors da cidade. Consiste uma foto da estátua de Castro Alves, só que com os dois braços abertos, e um dizer de “Uma cidade de braços abertos pra você”.
É pena que eu não tenha encontrado a imagem ná internet. Além de pateticamente mal-feita, é colonialista, obviamente imitando o Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Além disso, distorce a já convidativa e simbólica estátua do poeta, que com uma mão estendida mostra onde o sol se põe e parece oferecer aos transeuntes a baía de Todos os Santos como dádiva.
Mas principalmente, na foto Castro Alves não parece estar em vias de abraçar ninguém: de mãos espalmadas com dedos abertos, parece fugir e empurrar para longe uma multidão que o encurrala. Para-além de isso ser uma projeção inconsciente do próprio Alcáide Nevropata, vai aí uma clara posição anti-povo, no melhor estilo “Ao invés de gente, prédio” – tanto mais porque é cantado em prosa & verso que aos pés do poeta a massa humana se aconchega para descansar de olho na festa que também ele acolhe e participa: o carnaval.
O Menino Maluquinho não tinha presente, ou convite de aniversário, melhor pra dar a Capital Barroca e a seu poeta maior não?!
De resto, João Henrique não tem nem arremedo de SECULT – porque ele acha desnecessário, gasto fútil, a mais antiga cidade do continente ter uma SECULT municipal. E a idéia de um “Teatro Municipal de Salvador” é aberrante em si! Teatros Municipais são Casas de Opera; no mais das vezes são das prefeituras, mas às vezes são dos estados (como em Sampa, a Julio Prestes, sede da OSESP). Salvador já tem uma puta casa de opera: o TCA. João Henrique agora vai disputar tamanho de binga com Antonio Baobino também?!
Um dos efeitos da Retomada (que começou antes de Márcio, mas que Márcio sabe guiar como ninguém) é que Salvador deixou de ser uma miniatura do Rio de Janeiro, ou uma tola tentativa frustrada de ser Recife – ao mesmo tempo que soube absolver melhor o que tem de bom em suas semelhanças com o Rio (certo aristocratismo despojado e suburbano) e com Recife (a ponta de lança vanguardista do país a três séculos).
João Henrique SEQUER SE DEU CONTA DISSO! Continua a imitar o Rio de Janeiro. E pior: a ignorar fragorosamente Recife! É, como diz Antonio Risério, uma estética feira-de-santana que trata Salvador como um entroncamento rodoviário com vista pro mar…
E há um tendência esquisita de plagiar tudo… Saiu do Cristo, abrindo os braços do poeta, e ainda tem uma SECULT fake que fechou um projeto de teatro com o Niemeyer, sem o arquiteto saber… Fico vendo, cada vez mais, que a SECULT DE VERDADE, de MM, está é fazendo muita coisa… A imprensa esquizóide nada publica, mas a gente vê na raiva do Celestino, da Franco, do Mario e nessas ações descabidas do Antonio Lins que a SECULT do Estado é exemplo de mentalidade e gestão. Para avaliar MM, basta ver a torcida contra… Quanto mais berram, mais o homem e sua turma estão fazendo!!